Rotina e jornaleiros

Qualquer pessoa pode dizer que não é uma criatura de hábitos. Mas isto, como tudo, é relativo.
Se todos vivemos no mesmo planeta, então toda a gente tem o hábito de andar por estas bandas; se só costumamos trabalhar num único país, então temos o hábito de só andar por essas bandas; se compramos coisas (qualquer coisa) sempre na mesma cidade, então só compramos naquelas bandas; etc.
Então, quase ninguém pode dizer que não é uma criatura de hábitos. Se sou rotineiro numa determinada escala geográfica, já não o sou se a reduzirmos.
Isto tudo para dizer que, dependente do ponto de vista, posso ou não ser rotineiro em relação às minhas compras. De facto o único estabelecimento em que "estabeleci" (gosto muito de repetições e redundâncias) uma rotina tem sido o talho (também gosto muito de carne).
O meu único problema com a falta de rotina tem sido em relação aos jornaleiros. Nunca vou ao mesmo e eles não apreciam isso. Embora não dê especial importância a isso, aparentemente eles dão.
Não me sinto confortável quando passo carregado de revistas por um jornaleiro que conheça, olha-me de lado e cochicha ao ouvido de alguém que lá estiver, mesmo que seja um estranho, o que por vezes tem piada porque é sabido que os estranhos nem sempre reagem bem a bocas encostadas aos seus ouvidos.
Quando um jornaleiro me topa, faço sempre de conta que vou distraído.
Ainda tentei começar a distribuir a "riqueza" para me sentir menos mal, num comprava a Premiere, noutro comprava a National Geographic, noutro ainda comprava a Superinteressante e as revistas de informática, etc. Mas não deu resultado por muito tempo, sou demasiado ansioso e impaciente. Mal vejo algo que me agrada, não consigo esperar, tem que ser logo ali. Portanto, este tipo de distribuição acabou por não dar resultado.
A minha nova técnica é o saco de plástico. Só se tiverem Raios-X é que conseguem vêr através dum saco do LIDL a tonelada de revistas que levo comigo.

Comentários

André disse…
Mas o gajo quando me vê com revistas, compradas noutro sítio, olha-me de lado, com um ar feroz...

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