Não há pachorra para os censores

Na Super Interessante deste mês (n.º 108) vem um artigo de opinião do João Aguiar que aborda o mal que a televisão faz às crianças se usada em excesso. O título é "Eu bem dizia!".
Primeiro devo dizer que concordo. Longas horas sentado à frente de uma TV é de facto prejudicial, tanto física (obesidade, miopia, diabetes, etc) como mentalmente (lavagem telenovelesca ao cérebro, desinformação, parcialidade, etc).
Porque o artigo do João Aguiar foca mais os pequenos adultos, conhecidos como crianças, eu estou de acordo que "alguma" disciplina devesse ser incutida pelos pais no sentido de orientá-las [as crianças] para outras actividades mais saudáveis.
O que eu já não concordo é que se faça da TV uma espécie de mãe de todos os problemas.
Começo pelas longas horas passadas á frente da TV e os seus malefícios para a saúde. Será que longas horas passadas a ler, estudar ou outra actividade qualquer mais positiva não tem o mesmo efeito? Claro que mentalmente é inquestionável que a maior parte da programação televisiva não só é inócua como chega a ser negativa. Quanto a isto não há contraditório. Mas também é verdade que hoje em dia existe uma enorme variedade de oferta de programas com qualidade. É uma questão de critério dos pais.
Não sou insensível ao facto de que as crianças cada vez têm maior número de horas preenchidos com conteúdos que os podem vir a imbecibilizar. Mas não foi sempre assim?
Ou as crianças têm bons pais ou não. E se os têm, acredito que a sua educação será prioritária.
Quando eu era puto, não tinha praticamente televisão; não tinha certamente Internet e muito menos computadores. Então como é que passava os dias? A ler, brincar e a fazer tropelias. - Sem dúvida mais saudável. - No entanto, comparo-me com as crianças da actualidade, e chego à conclusão que com a mesma idade não era tão inteligente e culto como elas são hoje em dia.
Eu acho que a polémica que existe á volta da TV, da Net e dos jogos de computador, é um assunto muito empolado, mas que tem paralelos noutras gerações.
Ainda me lembro da má fama que os livros de banda desenhada brasileira tinham. Muitos pais chegaram mesmo a proibir os seus filhos de os lerem. Eu não tive esse problema - devorava tudo que era patinhas. Aparentemente não me prejudicou (muito), pelo contrário, ajudou-me a gostar da leitura.
O que eu digo é que se as coisas forem feitas com conta, peso e medida, não faz mal nenhum um pouco de decadência, anti-cultura e obsessão. Fortalece a individualidade e combate a uniformização dos futuros adultos.
Deixem as crianças ser conspurcadas!

Comentários

Unknown disse…
Eu lia os Patinhas, bem...e mais tarde a Gina!


concordo contigo...mas o que se vê mais aí agora, são pais que nem sequer conhecem os filhos.


um abraço
André disse…
Exactamente o meu percurso literário, meu amigo.

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