A merda da cooperativa!

Anda no ar o vírus 'anticooperativo'. Este vírus, para além de provocar a morte de produtivas uniões, torna o sujeito cronicamente alérgico a qualquer tipo de associação.
Esta doença tem efeitos secundários bem conhecidos no panorama português: isolamento; desconfiança; grave aumento do ego; solipsismo; desprezo por tudo e todos.
Primeiro vem o isolamento. Para que uma cooperação não resulte, um dos lados, ou ambos, tem que se isolar. Este primeiro efeito é provocado pelo o que nós, tratadores de animais, chamamos de 'quero-fazer-tudo-sozinho(ite)'. Nesta primeira fase criam-se fortes raízes do potencial aumento de ego, que veremos mais tarde.
Numa fase posterior, que pode ter entre curta a média duração, surge a desconfiança. Esta, provocada pelo isolamento, aparece sempre que o sujeito infectado é provocado por um sujeito não infectado a iniciar uma união produtiva. Em português medicinal é lhe dado o nome de 'algarvicie aguda'.
Rapidamente, numa 1/2 curta duração, aparece uma forte erupção do ego. No sujeito português típico está mesmo à flôr da pele. O que resulta num escorrimento de pus devido a forte infecção de orgulho.
Este escorrimento de pus orgulhal acompanhado de erupções de ego vão resultar na rápida alastração do vírus a todas as partes anatomicamente cooperantes do corpo.
Já num estado de nítida demência, o sujeito i. cai num torpor solipsista (aquele para quem tudo e todos que o rodeiam são fabricados pela sua mente). Neste estágio da doença, o sujeito i. encontra-se na fase que nós, os tratadores, chamamos de 'fase permanente pós-doutoramento'.
Agora o sujeito i., já terminal, numa fase que pode demorar ou não, cai num estupor acompanhado de um sentimento de desprezo por tudo e todos. Este estupor, invariavelmente, é irreversível, a menos, claro, que seja reversível.
Este vírus tem-se propagado rapidamente. Ainda não se descobriu a origem mas existem fortes suspeitas.
Segundo o tratador principal e investigador, Sr. Pôncios, o vírus pode ter tido origem à esquerda, à direita e ao centro. Sugerindo ainda que a cura pode estar numa simples estadia (6 meses pelo menos) num país civilizado (qualquer um menos o nosso), de preferência Europa, do sujeito i.. E em relação a todos os outros sujeitos, os habitantes de Portugal, recomenda-se, como tratamento profiláctico, uma emigração em massa.

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