Ser pai é...
Se o pai biológico desta criança de Torres Novas não fosse um tipo tão nojento acho que a história teria outros contornos.
Claro que a criança, depois de todo este tempo com os pais biológicos, e especialmente com a frágilidade dos cinco anos, deve ser protegida e o seu ambiente deve permanecer estável. É o que eu e, creio, a maior parte da população portuguesa pensa.
Mas e se o pai fosse um tipo decente, casado, com uma boa casa e ambiente familiar, não tivesse pedido nenhuma indemnização aos pais adoptivos e permitisse um acompanhamento do crescimento da criança por estes? E se o pai nunca tivesse chegado a saber que o era até agora?
E ao contrário, e se existisse a hipótese de os pais adoptivos terem feito qualquer coisa de muito errada? Ninguém tem visto a criança ultimamente, pois não? Quem é que põe as mãos no fogo por este casal?
Acho que, perante estes dois cenários, o caso mudava drasticamente de figura aos olhos da população, no entanto, legalmente seria a mesma coisa.
A lei tem que ser abstracta, mas cada caso é um caso.
Se nesta história existe alguém decente - considerando que as coisas são o que parecem -, esses são os pais adoptivos: o pai está decidido a passar pelo que for preciso para proteger a filha e a mulher, está disposto a passar seis anos na prisão. Acho que qualquer pai faria o mesmo, mas para o fazer é preciso SER pai; A mãe está disposta a viver escondida das autoridades o tempo que for preciso, e com tudo o que isso implica. Acho que qualquer mãe faria a mesma coisa, mas para o fazer é preciso SER mãe.
Pelo outro lado, os indecentes, os ímpios, os mercenários - já considerado que as coisas são o que parecem -, tudo sinónimos, neste caso, de pai biológico e advogado do Diabo. O pai b., aparentemente, tem um objectivo muito pragmático, seja ganhar dinheiro ou pôr a filha a render; O advogado do Diabo, um tipo com um discurso desonesto e hipócrita. Este é um daqueles advogados que eu acredito que defendia o Hitler, se fosse preciso, e ainda insultava os judeus por se atreverem a fazerem-se vítimas.
Se a sociedade fosse justa estes tipos seriam, não recompensados, mas castigados pelo seu intento de corromper aquilo que temos de mais sagrado que são as nossas crianças.
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http://www.petitiononline.com/gomes5/petition.html