Há malucos no meu prédio
No prédio onde vivo há muitos cães.
Eu sei isto não só porque os vejo na rua a passear; como também os ouço ao fim da tarde - hora a que os donos chegam - quando se tornam histéricos; e finalmente porque o meu cão cheira todas as portas cujos apartamentos contêm um ou mais cães.
Durante cerca de cinquenta anos, o meu prédio teve elevadores de caixa aberta. Elevadores antigos com porta em harmónica de ferro.
Estes elevadores, apesar de bonitos, não eram amigos da privacidade elevadorina. Qualquer passageiro numa viagem ascencional era observado do exterior. Isto durante muito tempo impediu os inquilinos no sobe-e-desce diário de se comportarem com a liberdade que quatro paredes e algum isolamento permite.
O meu prédio agora é moderno. Possuímos elevadores de caixa fechada.
Infelizmente estes elevadores só restringem o sentido visual, não tanto o auditivo...
No prédio onde vivo há muita gente maluca.
Eu sei isto porque sempre que alguém com um cão se mete num elevador, vai a viagem toda a falar com ele. E apesar destes não responderem, os donos não se fazem rogados.
As conversas são sempre muito estimulantes:
- Quem é o meu gordo?
- Estás com fomeca?
- Que grande xixizada e cocozada...ahnnn???
- Lindo menino, senta!
- Quem é que vai comer um belo prato de carninha? Quem é? Quem é? Ah pois é!...Não! Senta! Estás a sujar-me as calças todas...porra!
Não quero que pensem que me ponho a escutar os vizinhos no elevador, mas às vezes acontece estar presente.
Eu e o meu cão vamos sempre pelas escadas, assim não fazemos figura de parvos.
No prédio onde vivo é só gente doida que fala com cães. Há muitos cães. E muita gente doida.
Sempre que ouço algum maluco a falar com o seu cão no elevador, não consigo evitar um olhar cúmplice para o meu cão. Rimo-nos sempre muito desta gente maluca que mora no meu prédio.
Eu sei isto não só porque os vejo na rua a passear; como também os ouço ao fim da tarde - hora a que os donos chegam - quando se tornam histéricos; e finalmente porque o meu cão cheira todas as portas cujos apartamentos contêm um ou mais cães.
Durante cerca de cinquenta anos, o meu prédio teve elevadores de caixa aberta. Elevadores antigos com porta em harmónica de ferro.
Estes elevadores, apesar de bonitos, não eram amigos da privacidade elevadorina. Qualquer passageiro numa viagem ascencional era observado do exterior. Isto durante muito tempo impediu os inquilinos no sobe-e-desce diário de se comportarem com a liberdade que quatro paredes e algum isolamento permite.
O meu prédio agora é moderno. Possuímos elevadores de caixa fechada.
Infelizmente estes elevadores só restringem o sentido visual, não tanto o auditivo...
No prédio onde vivo há muita gente maluca.
Eu sei isto porque sempre que alguém com um cão se mete num elevador, vai a viagem toda a falar com ele. E apesar destes não responderem, os donos não se fazem rogados.
As conversas são sempre muito estimulantes:
- Quem é o meu gordo?
- Estás com fomeca?
- Que grande xixizada e cocozada...ahnnn???
- Lindo menino, senta!
- Quem é que vai comer um belo prato de carninha? Quem é? Quem é? Ah pois é!...Não! Senta! Estás a sujar-me as calças todas...porra!
Não quero que pensem que me ponho a escutar os vizinhos no elevador, mas às vezes acontece estar presente.
Eu e o meu cão vamos sempre pelas escadas, assim não fazemos figura de parvos.
No prédio onde vivo é só gente doida que fala com cães. Há muitos cães. E muita gente doida.
Sempre que ouço algum maluco a falar com o seu cão no elevador, não consigo evitar um olhar cúmplice para o meu cão. Rimo-nos sempre muito desta gente maluca que mora no meu prédio.
Comentários
E não me importo nadinha de o ser, falo imenso com os meus cães, o sapo chega a ouvir palestras e a roty já não vive sem o meu cumprimento : " ó bonita, quem é a minha rapariga mailinda???"
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