Os Nãos e os Sins
Acho que os dois grandes problemas dos defensores do 'Não à despenalização do aborto...' é a falta de imaginação e a simpatia mal disfarçada pelos sistemas fascistas.
A falta de imaginação, porque julgam que conseguem prever todos os cenários que levam uma mulher a abortar, e assim descartá-los um a um com inteligente retórica.
Acontece que quem de facto tem alguma imaginação, sabe que é perfeitamente irrazoável tentar prever todos os cenários; e sendo assim - pró-vida ou não -, deixa a decisão à mulher e não a pré-condena ou rotula - actos caraterísticos dos melhores regimes totalitaristas ou com aspirações a isso.
Nas grandes questões sobre os valores humanos, na generalidade, distinguem-se logo os simpatizantes pelos regimes opressivos e punitivos daqueles que acreditam na liberdade e na moral mais fundamental - aquela que está e não está escrita em nenhum livro -, a moral humanista.
Os Nãos são os fascistas e os Sins, humanistas.
Uma coisa é não concordarmos com algo e não o fazermos, outra muito diferente, é não concordar e obrigar os outros - independentemente dos seus valores - a não fazê-lo. O Não quando auto-aplicado é uma liberdade dos valores individuais; O Não imposto a todos é limitador da liberdade de cada um.
Já o Sim, deixa ao critério de cada um a escolha dos seus valores. Não impõem nada. O Sim não erradica o Não, mas o Não sim.
A liberdade do Sim não significa um mundo sem lei nem roque, mas um mundo sem leis opressivas e com regras inteligentes.
Como o problema dos Nãos é orgânico - não conseguem utilizar a imaginação nem acreditam no livre arbítrio -, não acredito que mudem de opinião. No entanto espero que cada vez hajam menos Nãos e mais Sins.
Comentários
Vai votar, é mais um sim e parece-me que será importante mais um.
Nunca votei em nada na minha vida, mas tenho pensado votar neste referendo, mas só neste.
A verdade é que nem sei o que é preciso para votar num referendo. Basta o cartão de eleitor...?