Um odor familiar

Há certas coisas que, por não pensarmos o suficiente nelas, julgamos que devem estar correctas; tais como: os homens não baixarem as tampas das sanitas, e os trabalhos pós-académicos virem na forma de estágios não-remunerados. Devem estar a pensar: o que é que uma merda tem a ver com a outra - e eu respondo: são duas ideias de merda!!! Sendo uma um pouco mais literal...

Não baixar a tampa - aliás, nem é a tampa, é a coisa (não sei o nome) cuja função é não esfriar o rabo, a argola de plástico, chamemos-lhe assim. Não baixar a argola é igual a não levantar a argola. Se elas podem exigir que a argola tenha que estar baixada, então, também nós podemos exigir que ela deva estar levantada. Ou então chegamos a um compromisso e ambos baixamos a argola e a tampa. Até agora ainda não ouvi nenhum raciocínio lógico que me faça acreditar que eu estou errado. Agora, se me vierem dizer que é só por uma razão estética, que fica melhor a argola de plástico à vista em vez da louça brilhante e imaculada, a esse argumento já eu faço a vontade; não o "compro", mas faço a vontade. Anéis para baixo!

Trabalhar sem ganhar um tusto, com a desculpa que é para o curriculum, comigo não!
Recebi um e-mail há pouco que dizia que uma empresa qualquer está a precisar de voluntários para trabalharem durante 3 a 6 meses, em princípio sem remuneração. O lado "positivo", e aqui é que está a punch-line, é a "excelente oportunidade" e sobretudo a "experiência que vai arrecadar na área da produção e os contactos nacionais e (...) internacionais". Este pedido não é um caso singular, mas sim um caso cada vez mais banal.
Eu não sei, mas se fosse chefe de alguma coisa e tivesse que seleccionar alguém para trabalhar, não ia escolher os tipos com mais estágios (não remunerados) em excelentes empresas, antes ia escolher alguém que fosse realmente ambicioso e já soubesse o que é ganhar dinheiro e o que é que isso implica; mas isso sou eu...
Obviamente que integrar um projecto a tempo parcial e não remunerado que tenha realmente importância para a sociedade, isso já é outra história. Agora, alimentar esses chulos capitalistas que querem ganhar o máximo possível à custa dos estudantes, isso é que não.

Como vêem, são duas merdas que cheiram mal, mas cujo odor já não nos faz confusão.

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