Mas...vai-se já embora...?
Detesto a conversa de circunstância. Ninguém realmente gosta, mas eu acrescento a isso uma verdadeira e completa inaptidão para falar de coisas corriqueiras. Pior ainda, a minha mente costuma ficar completamente em branco quando me dirigem frases do tipo "Então este tempo? Ahn???" ou "Pois é...!".
Já o que me aconteceu ontem, foi algo esotérico e inexplicável.
Ao descer determinada avenida, como o faço todos os dias na qualidade de peão, vi-me obrigado a parar antes de poder atravessar uma transversal. Enquanto esperava que o sinal mudasse, um condutor resolve fazer uma inversão de marcha quase causando um acidente. Abri a boca, lentamente, mas outro peão, que estava ao meu lado, antecipou-se e mandou o "Que palerma!" antes de mim; não me fiz rogado, e como até já tinha a boca aberta, mandei outro "Grande palerma!". Foi logo a seguir a esta estranha cumplicidade que eu percebi que devia ter ficado calado. Trancado no meu mundo.
A partir daquele momento, e por mais que eu mudasse constantemente o meu ritmo de andamento, o outro peão nunca mais me largou. Começou por relatar, detalhadamente, todos os acidentes que presenciara e tomara parte. Por esta altura já eu me ria de frustração - não me conseguia libertar...!
Foi quando entrou a palavra "bicicleta" que eu comecei a ficar interessado no que o peão tinha para me dizer.
Depois de um ligeiro intróito sobre as biclas, agora era eu que também queria relatar as minhas aventuras. Infelizmente, o peão não me deixava falar. Ele só queria saber das suas aventuras. O que me deixou um pouco aborrecido.
Finalmente, lá consegui começar a descrever a minha bicicleta (que nem é grande espingarda!) e os seus acessórios. Justamente quando começava a ficar empolgado com o detalhe das luzes traseiras que piscam, o peão entrou num autocarro de repente.
Tristemente disse-lhe "Adeus!".
Enquanto o autocarro descia a avenida, eu continuei, lentamente, a descer e a pensar "Sacana! Tornou-se passageiro de repente e nem me deixou descrever o farolim e o conta-quilómetros".
Já o que me aconteceu ontem, foi algo esotérico e inexplicável.
Ao descer determinada avenida, como o faço todos os dias na qualidade de peão, vi-me obrigado a parar antes de poder atravessar uma transversal. Enquanto esperava que o sinal mudasse, um condutor resolve fazer uma inversão de marcha quase causando um acidente. Abri a boca, lentamente, mas outro peão, que estava ao meu lado, antecipou-se e mandou o "Que palerma!" antes de mim; não me fiz rogado, e como até já tinha a boca aberta, mandei outro "Grande palerma!". Foi logo a seguir a esta estranha cumplicidade que eu percebi que devia ter ficado calado. Trancado no meu mundo.
A partir daquele momento, e por mais que eu mudasse constantemente o meu ritmo de andamento, o outro peão nunca mais me largou. Começou por relatar, detalhadamente, todos os acidentes que presenciara e tomara parte. Por esta altura já eu me ria de frustração - não me conseguia libertar...!
Foi quando entrou a palavra "bicicleta" que eu comecei a ficar interessado no que o peão tinha para me dizer.
Depois de um ligeiro intróito sobre as biclas, agora era eu que também queria relatar as minhas aventuras. Infelizmente, o peão não me deixava falar. Ele só queria saber das suas aventuras. O que me deixou um pouco aborrecido.
Finalmente, lá consegui começar a descrever a minha bicicleta (que nem é grande espingarda!) e os seus acessórios. Justamente quando começava a ficar empolgado com o detalhe das luzes traseiras que piscam, o peão entrou num autocarro de repente.
Tristemente disse-lhe "Adeus!".
Enquanto o autocarro descia a avenida, eu continuei, lentamente, a descer e a pensar "Sacana! Tornou-se passageiro de repente e nem me deixou descrever o farolim e o conta-quilómetros".
Comentários
Pois bem, por momentos até equacionei uma manobra publicitária. Mas depois vi que era sofisticação a mais.