Piaf, ou memórias sexuais de 300 velhinhas

Ontem fui ver a Piaf com a Adelaide.
Às cinco horas da tarde o Politeama é um paraíso senil: todo o género de velhinhas estavam lá para relembrar, não só a dita cuja, mas também o Montand e o Aznavour, que, com certeza, lhes trazem à memória arcaicas sessões sexuais com congéneres. Os velhinhos eram em menor quantidade; talvez porque as mulheres lhes sobrevivem em maior número, ou talvez por falta de pachorra para ver as digníssimas esposas chorarem com as memórias dos antigos fodilhões que os precederam. Estava lá também o velhinho La Féria (faz-me sempre lembrar as férias), que enquanto eu esperava pela minha gravídissima querida adelaide - passa a vida na casa de banho -, chamou-me a atenção, num tom zangado, que ia começar o espectáculo. Eu apontei para a culpada, que já regressava do WC, e, intimidado pelo deep-throat-de-bagaço-e-tabaco, mais conhecido nas Américas por Great White Rusty Grizzle Bear ou Dancing with hoarse's, lá fui eu, cabisbaixo, para as tribunas. A Adelaide acha que eu sou paranóico, mas de uma espécie única: tenho a mania que os ricos e famosos me perseguem, sublimando assim a minha igualdade a qualquer ser humano.
O espectáculo? É giro.

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