A vingança dos cocós
Parece que sempre que escrevo sobre algum estereótipo, um digníssimo representante aparece para se vingar. Tenho um amigo meu que sempre que me telefona finge a voz de um cocó; mas um daqueles cocós mais afectados; e ele tem muito jeito. Recebi um telefonema de um cocó afectadíssimo que eu pensei imediatamente ser este meu amigo. Estava enganado! Quando este cocó começou a falar comigo eu desatei logo a rir, mas não me descaí... quero dizer, não me descaí com insultos a esta pessoa. Embora tivesse mantido sempre uma conversa inócua, estava mortinho por dizer: " Então meu mariconço? Esse rabinho? Está melhor? " - que é uma forma que nós, gajos, temos de nos cumprimentar. Antes que eu me enterrasse formidavelmente - estamos a falar do meu local de trabalho -, este cocó identifica-se. Eu imediatamente parei de rir, e respondi, muito casualmente, como se não fosse nada comigo: " Ah! Como está? Sim, concerteza, eu passo o recado... ". Estranhamente não senti nada; nenhum...