Um vampiro em Lisboa
- Que raio de cidade fui eu escolher!
Quando me mudei para Lisboa, já faz um século, não pensei que se celebrassem tantos feriados religiosos.
Se a Primavera e os seus pólens arrebitam as alergias que por aí andam, a mim são as marchas com cânticos religiosos e a intensa programação televisiva dedicada a algum santinho ou suposta virgem. Ando o ano todo com o lenço na mão e os anti-hístaminicos no bolso.
Foi com cuidado que escolhi a minha tumba: uma cave num local sossegado no centro da cidade. A localização é óptima para as minhas deambulações nocturnas em busca do meu sumo favorito. Escolho sempre os meus "recipientes" cuidadosamente, nada de pessoas famosas ou concorrentes dos Reality Shows - não é por serem conhecidos é só porque me fazem azia.
Estes últimos anos têm-se mostrado particularmente difíceis para a paz das minhas refeições. Cada vez há mais participantes de B.B.'s e Jet Set's. E, além do mais, as cantorias nas ruas, dedicadas aos gajos lá de cima, estão cada vez mais estridentes. - Já não posso mais!
Sou o último da minha espécie tão ao Sul da Europa; todos os outros familiares emigraram para o Norte: Recebo postais de vez em quando com alegres fotografias e textos que ilustram o absentismo da fé (crescente) dos muitos humanos que lá habitam. Além do mais, e devido talvez ao frio e à libertinagem da população nortenha, a caça é dez vezes mais proveitosa do que nestas paragens, e as gentes mais "abertas" a novas experiências. Os meus irmãos tornaram-se nuns autênticos novos-ricos.
Tenho que confessar que a vontade de viajar e estabelecer-me noutras paragens tem-me consumido ultimamente. Não penso em quase mais nada. Se ao menos o sangue puritano não fosse tão bom...
Enquanto escrevo estas linhas decorre o dia de Nossa Senhora de Fátima, essa falsa virgem. Os meus pacotinhos de sumo estão em romarias ou fechados em alguma Igreja. O estoicismo deste dia corrompe-me a mim também, involuntariamente. O sapatinhos vermelhos, esse nazi, está em todos os canais. - Estão a querer enlouquecer-me!
Talvez o único dia "Santo" que me alegra seja o Sto. António, desde que me mantenha longe das Marchas Populares. As orgias (sexuais, alcoólicas e sanguinárias) desse dia fazem-me ter alguma fé pela população alfacinha. É sempre uma altura de despensa cheia.
Vou esperar por Junho para me recompor e depois logo se vê. Talvez vá viajar para outras paragens. Espalhar a minha palavra.
Quando me mudei para Lisboa, já faz um século, não pensei que se celebrassem tantos feriados religiosos.
Se a Primavera e os seus pólens arrebitam as alergias que por aí andam, a mim são as marchas com cânticos religiosos e a intensa programação televisiva dedicada a algum santinho ou suposta virgem. Ando o ano todo com o lenço na mão e os anti-hístaminicos no bolso.
Foi com cuidado que escolhi a minha tumba: uma cave num local sossegado no centro da cidade. A localização é óptima para as minhas deambulações nocturnas em busca do meu sumo favorito. Escolho sempre os meus "recipientes" cuidadosamente, nada de pessoas famosas ou concorrentes dos Reality Shows - não é por serem conhecidos é só porque me fazem azia.
Estes últimos anos têm-se mostrado particularmente difíceis para a paz das minhas refeições. Cada vez há mais participantes de B.B.'s e Jet Set's. E, além do mais, as cantorias nas ruas, dedicadas aos gajos lá de cima, estão cada vez mais estridentes. - Já não posso mais!
Sou o último da minha espécie tão ao Sul da Europa; todos os outros familiares emigraram para o Norte: Recebo postais de vez em quando com alegres fotografias e textos que ilustram o absentismo da fé (crescente) dos muitos humanos que lá habitam. Além do mais, e devido talvez ao frio e à libertinagem da população nortenha, a caça é dez vezes mais proveitosa do que nestas paragens, e as gentes mais "abertas" a novas experiências. Os meus irmãos tornaram-se nuns autênticos novos-ricos.
Tenho que confessar que a vontade de viajar e estabelecer-me noutras paragens tem-me consumido ultimamente. Não penso em quase mais nada. Se ao menos o sangue puritano não fosse tão bom...
Enquanto escrevo estas linhas decorre o dia de Nossa Senhora de Fátima, essa falsa virgem. Os meus pacotinhos de sumo estão em romarias ou fechados em alguma Igreja. O estoicismo deste dia corrompe-me a mim também, involuntariamente. O sapatinhos vermelhos, esse nazi, está em todos os canais. - Estão a querer enlouquecer-me!
Talvez o único dia "Santo" que me alegra seja o Sto. António, desde que me mantenha longe das Marchas Populares. As orgias (sexuais, alcoólicas e sanguinárias) desse dia fazem-me ter alguma fé pela população alfacinha. É sempre uma altura de despensa cheia.
Vou esperar por Junho para me recompor e depois logo se vê. Talvez vá viajar para outras paragens. Espalhar a minha palavra.
Comentários
Genial
Vou ao google...hoje não tenho nada para fazer mesmo.
moimeme: já comentei o teu desafio. Um enorme esforço...? Brincalhona!!!
Fiquei me por aqui:
"Boi-Bumbá, Bumba-meu-Boi, Boi-de-Reis, Bumba-Boi, Boi-Surubi, Boi-Calemba ou Boi-de-Mamão, são nomes dados a essa manifestação que tem na figura do boi o personagem central, representado por uma cabeça de boi empalhada, ou modelada, e de corpo feito de papel ou de pano colorido e muito enfeitado. A dramatização é feita geralmente nas praças públicas, onde começam fazendo uma louvação religiosa. Ao som de cantigas entoadas por cantadores do conjunto musical que os acompanham, entremeiam-se pequenos quadros em que os atores representam suas preocupações cotidianas, sendo que no final o boi sempre ressuscita e sai dançando no meio de todos."
Agora estou cansada de tanto visualizar...
Pelos vistos sou a bela e tu o mestre...
Bois à parte, eu sou de facto um mestre nas artes obscuras e uma noite destas de luar faço-te uma visita para te tornar uma bela imortal.
AHAHAHAHAHAHAH (riso tétrico)