O deserto das elites portuguesas

Depois de ver o Prós e Contras de ontem à noite e de ouvir a intervenção do Arquitecto Ribeiro Teles, mais precisamente a referência à cultura duvidosa das elites da nossa cidade, começo a chegar à conclusão que se calhar ele tem razão.
As minhas rotineiras queixas sobre os contéudos portugueses (TV, cinema, etc) normalmente têm sido porque a mensagem e forma destes são muito básicos, populares e chapa cinco. No fundo o que eu tenho querido dizer é que os "nossos" cérebros criativos e performativos são uma grande caca e deviam ir aprender qualquer coisa ao estrangeiro e, já agora, à escola também. O que vai de encontro ao que o Arq. Ribeiro Teles, com uma grande clarividência e articulação, disse ontem à noite.
Para não ir muito longe nos exemplos, vou só expor alguns, poucos, cenários: a comédia portuguesa é uma aflição, comparem-na com a britânica, tanto em qualidade como em quantidade; as letras das músicas mais populares não têm ponta por onde se pegue de tão mal escritas - salvo honrosas excepções - e a música interventiva já não existe; os actores, na sua maioria, são muito mauzinhos. Bons mesmo são os participantes do Fiel ou Infiel que sabem ser bastante realistas; o cinema português ainda continua na mesma hipnose surrealista pseudo-intelectual que, no fundo, me dá sono.
Depois há outra coisa que sempre me fez alguma aflição: as entrevistas feitas a actores, músicos e criadores artísticos são de uma mediocridade tal, devido à falta de poder de argumentação e um vocabulário pobre do artista, que me provocam arrepios de pena.
Pergunto-me, o que é que se passa com os artistas e intelectuais de hoje? Em que escola andaram e quais as suas motivações para criar? Temos realmente artistas e intelectuais no panorama português?
Felizmente os jornalistas do carbono e (alguns) escritores permanecem fortes na evolução portuguesa e sabem dar forma às suas (nossas) argumentações e revoltas, se não fosse assim era o descalabro total.

Comentários

Sofia disse…
eu não sei se temos os artistas/escritores/humoristas que merecemos ou se eles têm o povo que merecem....percebes?
André disse…
É verdade! Eles são apenas o "nosso" reflexo, assim como "nós" somos o deles.

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