No help needed
Eu não gosto de ajudar inválidos na rua por duas razões: a primeira é que geralmente eles são muito orgulhosos e preferem desenrascar-se sozinhos - se fosse comigo faria a mesma coisa; e a segunda, porque nunca sei se a minha ajuda é necessária ou mesmo oportuna.
Sinto-me bem à vontade nestes assuntos porque já desempenhei as funções de socorrista num Lar em que tive que cuidar de indivíduos com as mais variadas limitações. Conversei com muitos e fiquei a entender que a única coisa que eles desejam é serem tratados como iguais, doa o que doer...
Hoje tomei uma rara iniciativa de voluntarismo generoso e altruísta apenas para descobrir que também eu (de vez em quando) posso ser mais um grande chato que anda na rua com um "coitadinho" na boca.
Ao ver uma invisual em rota de colisão com um Jipe (estacionado), peguei-lhe no braço, disse-lhe "desculpe, vá mais para esquerda"; ela disse-me que era a direcção desejada porque queria atravessar a rua; eu disse-lhe que ela ía de encontro a um automóvel; ela (ar enfastiado) apontou para a sua bengala; eu percebi que a minha presença não era necessária e que estava a ser inoportuno e chato e disse-lhe "desculpe" e continuei o meu caminho.
No meio disto tudo acho que devo ter dado uma volta de 180º com ela quando a ajudei, porque o sentido da sua marcha agora era exactamente o contrário. Mas já não tinha coragem de a "ajudar" outra vez. Ela perceberia, eventualmente, quando chegasse ao ponto de partida.
Tão depressa não ajudo mais ninguém. Corro o risco de levar com uma estocada de uma bengala retráctil.
Nota final: eu gostaria de ter intitulado este texto de Cabra Cega (jogo), mas receei que fosse mal interpretado.
Sinto-me bem à vontade nestes assuntos porque já desempenhei as funções de socorrista num Lar em que tive que cuidar de indivíduos com as mais variadas limitações. Conversei com muitos e fiquei a entender que a única coisa que eles desejam é serem tratados como iguais, doa o que doer...
Hoje tomei uma rara iniciativa de voluntarismo generoso e altruísta apenas para descobrir que também eu (de vez em quando) posso ser mais um grande chato que anda na rua com um "coitadinho" na boca.
Ao ver uma invisual em rota de colisão com um Jipe (estacionado), peguei-lhe no braço, disse-lhe "desculpe, vá mais para esquerda"; ela disse-me que era a direcção desejada porque queria atravessar a rua; eu disse-lhe que ela ía de encontro a um automóvel; ela (ar enfastiado) apontou para a sua bengala; eu percebi que a minha presença não era necessária e que estava a ser inoportuno e chato e disse-lhe "desculpe" e continuei o meu caminho.
No meio disto tudo acho que devo ter dado uma volta de 180º com ela quando a ajudei, porque o sentido da sua marcha agora era exactamente o contrário. Mas já não tinha coragem de a "ajudar" outra vez. Ela perceberia, eventualmente, quando chegasse ao ponto de partida.
Tão depressa não ajudo mais ninguém. Corro o risco de levar com uma estocada de uma bengala retráctil.
Nota final: eu gostaria de ter intitulado este texto de Cabra Cega (jogo), mas receei que fosse mal interpretado.
Comentários
li muita coisa e concordo com quase tudo, volto mais tarde para opinar com mais seriedade.
Para já deixo-te os meus parabéns porque é dificil encontrar num universo tão vasto de blogs alguns que realmente tenham sumo..
beijocas